Há quem ambicione lá chegar. Ter o cargo de sonho, o salário justo e o valioso reconhecimento. Trabalhar numa empresa sólida, com benefícios incríveis e um estatuto invejável, mas há um momento, quase impercetível, em que aquilo que sempre quisemos começa a pesar. É, precisamente, quando a segurança deixa de saber a liberdade, que entramos na Golden Cage.
Trata-se de um fenómeno silencioso, mas cada vez mais comum: profissionais talentosos que ficam presos a uma empresa, não porque se identificam, mas porque não suportam a ideia de perder o conforto que conquistaram. São pessoas que têm estabilidade, mas perderam o entusiasmo e passaram a queixar-se em silêncio.
A Golden Cage não é feita de ferro, mas é feita de tudo aquilo que o mercado valoriza: um bom salário, um cargo de chefia, viatura da empresa, flexibilidade que permite ir buscar os filhos à escola e os prémios de desempenho. É feita de reconhecimento, de status e de pequenas regalias que nos fazem sentir especiais. Por fora, tudo parece perfeito, mas por dentro, há um talento que começa a perder o brilho porque já não se sente desafiado.
Aqui começa o paradoxo: quanto mais alto o nosso lugar no mundo laboral, mais difícil é de abandonar. O medo de perder o conforto e de arriscar vence o desejo de procurar algo novo e recomeçar.
Na iU Talent falamos todos os dias com pessoas que vivem nesta fronteira. Profissionais gratos, com orgulho no que construíram, mas esgotados e desconectados com o que, um dia, lhes fez sentido.
Sair da Golden Cage não significa desistir de um dia para o outro. Significa recuperar o poder de escolha e sonhar de novo, redescobrindo o prazer de aprender, de evoluir, de errar e de voltar a tentar. O talento não quer só conforto, quer propósito.
Nem sempre a prisão tem cadeado. Às vezes, tem um título, uma secretária espaçosa, liberdade, flexibilidade e horas de almoço mais longas e sem justificações.
A pergunta é simples: fechamo-nos na Golden Cage ou estamos dispostos a abrir a porta?