A pergunta é simples, quase filosófica, e a resposta, parece óbvia. Mas vamos por partes.
A versão que contamos nas entrevistas chega a ser poética: somos proativos, focados, adoramos desafios e trabalhar em equipa é um sonho. E na vida real?
A proatividade evapora ao primeiro ficheiro de Excel com macros misteriosas, o foco desaparece ao som de uma notificação no telemóvel, o amor por desafios esmorece se implicar acordar às seis da manhã e o espírito de equipa treme assim que alguém começa a “encostar-se”.
Todos vendemos a nossa melhor versão, e ainda bem, mas depois é preciso entregá-la.
É sempre mais fácil justificar o que ainda não fazemos do que assumir o que poderíamos fazer melhor. Todos temos aspetos a melhorar, e isso não nos diminui, humaniza-nos. A carreira que construímos depende muito mais das nossas escolhas diárias do que das circunstâncias externas.
Até aqui, já colocaste a mão na consciência? Como vai essa atitude?
Trabalharias com entusiasmo ao lado da pessoa que és ou terias algo a apontar?
Guarda a resposta e age em conformidade.
Hoje, as empresas procuram talento, o talento procura propósito e esta pergunta funciona como um farol, lembrando-nos que o nosso valor não está apenas no currículo, mas na forma como habitamos a profissão e no impacto que criamos em quem passa por nós.
Portanto, antes de procurar novas oportunidades ou apontar o dedo ao que nos rodeia, há uma porta essencial a abrir: sou o colega com quem adoraria construir o futuro?
Ninguém é perfeito. Uns procrastinam, outros tratam o café como desporto olímpico e outros juram que “ainda dá tempo” (quando, claramente não dá). O que faz a diferença é tentar, e continuar a tentar, melhorando, falhando, ajustando, dando o exemplo, resolvendo problemas e, acima de tudo, comunicando com transparência.
Procuramos uma resposta honesta, verdadeira, sem egos nem floreados. Procuramos consciência profissional. Porque, no final, não somos contratados apenas por competências técnicas, mas pela nossa atitude, ética, energia, compromisso, capacidade de aprender e empatia.
Somos contratados por aquilo que somos quando ninguém está a ver.