Um comercial que humaniza equipas olha para o seu carro, não como meio de transporte, mas como uma espécie de escritório ambulante. É o lugar onde se respira fundo antes de entrar num cliente, onde se prepara o sorriso que vai abrir portas e onde se rabisca mentalmente a melhor conversa para criar a melhor ligação. É alí que o Business Advisor revisita mentalmente cada candidatura, cada competência e cada talento que pode transformar uma equipa inteira.
A marca não é tão relevante, mas tem de ser confortável. O apoio de braço é indispensável, a bagageira tem de ser espaçosa para levar EPIs e merchandising, o GPS tem de funcionar e se der para conectar o telemóvel sem falhas, é a cereja no topo do bolo.
Esta espécie de cápsula de quatro rodas guarda os segredos mais íntimos e humanos de quem nela se movimenta, tais como as playlists que dão boost de energia, os telefonemas que resolvem imbróglios em 3 minutos, as reuniões via Teams para tratar de temas que nunca ficam tratados e a bucha trazida de casa comida num parque de estacionamento na esquina da próxima reunião.
Olhemos para os comerciais como os profissionais que transformam quilómetros em confiança, clientes em relações e relações em resultados. Tudo com uma mestria discreta. O volante é o seu cúmplice, cada estrada conta uma história e cada desvio pode transformar o resultado de um trimestre. É dentro do carro que celebram as vitórias, que encorajam os candidatos para brilharem na entrevista final, que aconselham os clientes para a melhor solução e que tentam gerir a frustração quando há uma alteração de briefing ou um cliente que mudou de ideias.
Esta rotina também traz desafios: gerir o tempo entre deslocações longas, manter a energia constante, responder a clientes sem nunca perder a segurança e conciliar vida pessoal com um mapa sempre em atualização. É um trabalho que pede resistência emocional e autonomia.
Num país onde os comerciais são muitas vezes os primeiros a representar a marca fora de portas, o automóvel é quase uma extensão da identidade profissional.
No final do dia, a chave desliga o motor, mas não desliga o propósito e estes profissionais continuam a acreditar, todos os dias, que são as pessoas que movem empresas e que o seu papel é apenas aproximá-las no momento certo.
E amanhã? Amanhã voltam à estrada, porque onde houver gente, sonhos e trajetos cruzados lá estará alguém com quatro piscas a aproximar quem procura rumo de quem procura reforço.